Em Luanda, os veículos andam enquanto for fisicamente possível repará-los. Quando a reparação deixa de ser possível ficam onde calha: geralmente, na berma da estrada. Mas a sua vida útil não termina: são canibalizados para reparar outras viaturas. Pouco a pouco, vão-lhes sendo retiradas peças, vão ficando mais inuteis e vão apodrecendo.
É frequente encontrarem-se carcaças de veículos mais ou menos completos, amortecedores, diferenciais, jantes, portas, chassis, tabliers, blocos de motor, eixos, semi-eixos, bancos, espelhos. Peças que já não servem para nada, que já não permitem recuperar uma outra viatura caída na guerra sem tréguas travada contra as estradas de Luanda.
Mas em Luanda os veículos, depois de servirem de meio de transporte, depois de serem canibalizados para reparar outros veículos, têm ainda uma outra utilidade: são usados na construção civil. A chaparia (portas, capota, capot, tampa da bagageira, as peças grandes e planas) são usadas como portas, telhados ou paredes das casas.
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